A Era millenium e a loucura de conseguir ingressos no Japao

O ano 2000. O mundo ainda era analógico, os celulares já começavam a tirar fotos, e o auge da minha adolescência tinha trilha sonora: Backstreet Boys.
Quando soube que eles estariam aqui no Japão, meu coração já nem batia mais dentro do meu peito. Eu tinha cada CD deles, vídeo cassete (sim, era vídeo cassete ainda, minha gente...) e pôsteres pelas paredes do meu quarto. Eu era tão doida pelos meninos que reconhecia a voz de cada um deles de olhos fechados.
Na época, eu não estava sozinha nessa loucura.

Uma amiga minha também era a doida dos BSB: a Li.
Esse post provavelmente vai render, pois o show deles foi um processo muito lento, muito doido, e até meu pai e meus tios entraram na corrida para comprar os ingressos. E quero que você, leitor, sinta no seu coração o que sentimos naquela época.
Eu não lembro a data exata, mas lembro que no ano 2000 minha festa de aniversário teve um tema: Backstreet Boys – Millennium!

As cores eram azul, mais puxado para o royal, e preto. Até o bolo era dos BSB!



Mas o primeiro desafio era conseguir os ingressos. Combinamos que iríamos aos três shows, um em cada cidade. Apesar de a ideia parecer fácil, a realidade era bem diferente.
Não sei como funciona a compra de ingressos hoje em dia, pois nunca mais precisei dessa correria na minha vida. Mas naquela época, os ingressos eram vendidos em um único dia. Eles anunciavam a data da venda, e vendia tudo naquele dia — provavelmente uma ótima estratégia de venda.

Como Nagoya fica a 40 minutos de casa, não foi difícil conseguir comprar os ingressos. Rapidamente conseguimos nossos ingressos de Nagoya e estávamos tão felizes que nem nos aguentávamos.
Coitados dos nossos vizinhos naquela época, pois era o tempo todo BSB!

Pegávamos estrada e era só BSB. Naquela época, somente a Li tinha carteira de motorista.
A ansiedade para ir ao show era tão grande que dormíamos e acordávamos com os nossos amados Nick, Brian (minha paixão platônica), Kevin, AJ e Howie D.
Eu amava e admirava a voz de cada um daquela banda. E é estranho, porque eu nunca fui de ser tão fã de alguém assim. Mas eles eram meus favoritos.

Com os ingressos de Nagoya em mãos, agora o desafio era conseguir o de Osaka.
Como a dificuldade para Nagoya havia sido mínima, estávamos tranquilas. Estávamos tão radiantes de felicidade que a preocupação era zero.
Até que começamos a ligar para o número para reservar… e o número sempre dava ocupado.

A primeira tentativa ainda não era nada.
A segunda, ainda estávamos tranquilas.
Mas, chegando quase na metade do dia e ainda sem conseguir reservar, começamos a ter pequenos infartos a cada ligação.

Após percebermos a dificuldade, o desespero foi tomando conta dos nossos corações.
Precisávamos dessa reserva para pagar aqui na loja local. A loja, claro, tinha horário para fechar — se não me engano, era até as 18h.
E até as 17h, ainda não tínhamos conseguido falar com nenhum funcionário.

Comecei então a ligar para outras lojas, para ver se conseguíamos um milagre. Mas nos foi informado que, sem a senha (reserva), não conseguiríamos comprar os ingressos.
Já estávamos em pânico.
Mas ser brasileira também tem seu lado positivo: ainda tínhamos fé.

O Japão sempre foi conhecido por sua organização, mas ali aprendemos que, às vezes, a organização mais atrapalhava do que ajudava.
Nossos corações em um verdadeiro pânico, quase 18h, e começamos a aceitar e a chorar.
Olho para trás hoje e penso... adolescentes? Hahaha, mas o sofrimento era real.

Ali acendeu um verdadeiro sinal vermelho na nossa cabeça:
E se isso acontecesse em Tóquio?

Corremos para o meu pai. Chorando, agachamos aos pés dele, eu e a Li... hahaha... imploramos por tudo de mais sagrado para que meu pai nos levasse para comprar os ingressos lá em Tóquio.
A venda seria apenas naquele dia.

Lembro até hoje do meu pai olhando pra gente, calado, pegando o telefone e ligando para o meu tio, dizendo:

"Moreira (meu tio), vou ter que ir pra Tóquio acompanhar essas meninas. Você quer me acompanhar?"

Spoiler: conseguimos!
Mas não sem drama, tensão e aquele friozinho adolescente na barriga.


Continua no próximo post:





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